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Quando o Estado resolve fazer TERRORISMO NUTRICIONAL

  • Foto do escritor: Juliana Lima
    Juliana Lima
  • 12 de ago. de 2019
  • 3 min de leitura

Vivemos em uma época de terrorismo nutricional. Em qualquer programa de televisão e nas redes socias parece que os alimentos viraram o assunto do momento, entretanto isso não significa que estamos recebendo informação de qualidade, pelo contrário, são informações distorcidas, que as vezes nos levam ao equívoco de reduzir os alimentos a nutrientes, a dividir a alimentação em “fações” e separamos os alimentos em bons e ruins.

O significado popular de ser “saudável” virou restrição, e lamentavelmente nutricionistas, médicos, blogueiras e educadores físicos são propagadores desse terrorismo nutricional como se fosse um estilo de vida saudável, mas, mais lamentável ainda é quando o ESTADO resolve fazer terrorismo nutricional.

Vemos de tudo desde as Segundas-feiras sem carne (no Brasil, São Paulo), a proibição da venda de produtos como salgados e doces (ou até mesmo certos sumos) em hospitais e centros de saúde públicos e agora com a proposta do PAN de trazer essa proibição às escolas públicas (em Portugal).

A boa intenção perde-se quando as restrições descabam para o radicalismo. Isso não é defesa da saúde, é terrorismo nutricional.

Não estou dizendo que a valorização da alimentação saudável deva ser um assunto descartado pelo Estado, afinal de contas, estima-se que 3,5% das despesas total que o Estado Português tem com a saúde está relacionado com a obesidade (custos diretos) ou seja, 235 milhões de euros.

Só que não é papel do Estado educar, no caso proibir, esse papel é das famílias, ou, no caso da educação alimentar, é papel dos nutricionistas formados e honestos, nutricionistas esses que procurarão o bem-estar físico e emocional do utente, e não apenas um corte cego nas despesas.

Não deve ser necessário relembrar, ainda mais aos portugueses, o que acontece quando o Estado se envolve em toda e qualquer decisão do quotidiano dos cidadãos. Não quero gritar “fascismo,” até porque hoje é uma palavra muito mal-usada e usada ad nauseabum. Direi apenas que os cidadãos necessitam de se sentir livres, porém responsáveis e, portanto, necessitam ser educados desde a infância acerca dos bons hábitos alimentares e outras boas práticas como o exercício físico (regulado).

Quero um Estado que se preocupe com a Saúde, mas que transforme essa preocupação em medidas positivas, não negativas, e de educação, não de restrição, sabendo, portanto, encaminhar as crianças (no caso das escolas por exemplo) aos nutricionistas de que falei há pouco. Nada de cortes cegos administrados por tecnocratas em gabinetes, haja bom senso.

Educar é conceder através do conhecimento da alimentação autonomia para fazermos escolhas. Na minha opinião, autonomia é chave para a alimentação saudável e deveria ser um dos pilares da nutrição, entretanto parece ser mais conveniente criar proibições, ditar o que comer, onde comer e quando comer, proibir parece ser mais importante do que educar.

A educação (alimentar) gera liberdade, tanto do estado como dos profissionais de saúde, e acredito que não é isso que o estado queira, talvez ele preferia criar cordeirinhos incapazes de fazer escolhas saudáveis sem a interferência do pai Estado.

É inacreditável que os conselhos de nutrição louvem tais leis proibitivas, talvez precisem lembrar que o nutricionista acima de tudo deve ser um educador, um orientador, que através da educação nutricional, facilite o individuo fazer escolhas alimentares, baseadas no seu estado nutricional e patológico, respeitando preferências alimentares e aversões.

Defendo a autonomia do individuo diante da sua alimentação, defendo o incentivo do autocuidado, através da educação nutricional.

Acredito que as ações para promoverem a saúde devem ter como foco apoiar as pessoas a se tornarem agentes produtores sociais da saúde, ou seja, que as pessoas se empoderem em relação à SUA saúde. Os principais objetivos devem ser os de produzir conhecimentos e habilidades para que as pessoas adotem, mudem e mantenham comportamentos que contribuam para a sua saúde.

Agora proibir? Se estou proibido de comer certos alimentos nos hospitais, tenho a liberdade de comprar no café em frente, sempre haverá uma forma de “escapar”, a não ser que o Estado esteja tão focado em tirar nossa individualidade, liberdade de escolha e nos privar dos nossos prazeres alimentares, que proíba a comercialização e produção de todos os produtos que Ele julgue serem maus para a saúde.

Se realmente a preocupação fosse com a saúde, teríamos mais investimentos em medicina preventiva, em educação alimentar e nutricional, nas escolas e centros de saúde, e não em medidas em que nada acrescentam à saúde das pessoas.

Enfim, tenho medo de qualquer dia acordar com a notícia de que o Estado proibiu os beijinhos e os apertos de mão por serem agentes propagadores de bactérias!

Juliana Lima e Ângelo Lima 


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